domingo, 19 de setembro de 2010

Liberte O Seu Potencial Para O Canto - Parte I


Se você é do tipo que não canta nem no chuveiro porque se julga desafinado, saiba que está perdendo boa chance de se desenvolver soltando a voz. "A voz humana é perfeita como um ser que ressoa no ideal, esperando, porém, por libertação".
A frase, da cantora lírica sueca Valborg Werbeck-Svärdström, mostra que desafinado pode ser o conceito que você mantém sobre si, sobre seu potencial e habilidades.
Talvez precise apenas ouvir a si mesmo sem julgamento, confrontar o medo de se expor e de errar, dispor-se a compreender e a resgatar sua voz. E tudo isso você pode conseguir com a ajuda do próprio canto.
Cantar combate a timidez, eleva a auto-estima, o autocontrole, a autoconfiança, melhora a comunicação em público e os relacionamentos interpessoais. Estudos mostram que o canto, quando usado de forma terapêutica, é coadjuvante em tratamentos de depressão, síndrome de pânico, problemas respiratórios, transtornos de ansiedade e outras doenças. Tese de doutorado desenvolvida pela professora Adelina Rennó, do Instituto de Psicologia da USP, comprovou a eficácia da cantoterapia no tratamento de pacientes com asma. Sua pesquisa foi baseada nos princípios da Medicina Antroposófica, que vê o homem como um ser integral, cujo bem-estar depende da saúde do corpo, mas também do equilíbrio da mente.
A melhora dos pacientes explica-se, em parte, porque o canto é fundamentado na respiração e eles passam a respirar de acordo com as vibrações sonoras recomendadas pelo terapeuta.
*Voz Como Reflexo Da Personalidade*
Adelina conta que primeiro estudou música, foi cantora, regente de coral, deu aula de teoria musical. Relata ainda que na época em que regia um coral infantil, percebeu que a música provocava mudança no comportamento das crianças. "Percebi que as crianças aprendiam música, mas tinha um efeito colateral positivo", recorda-se.
A professora deixou a música de lado por um período para estudar psicologia. Concluídos os estudos de psicologia, voltou-se novamente para a música, fez especialização na Alemanha e desenvolveu as pesquisas de mestrado e doutorado sobre cantoterapia, tendo por base a Escola do desvendar da voz, pedagogia de canto desenvolvida pela cantora lírica sueca Valborg Werbeck-Svärdström (1879-1972).
Valborg perdeu a voz e conseguiu recuperá-la graças ao método desenvolvido por ela mesma. "É uma técnica em que se pode trabalhar problemas psicológicos e orgânicos", explica Adelina.
A cantoterapia faz parte de um campo maior que a é musicaterapia. A diferença é que a primeira utiliza-se como instrumento a voz, vista pela psicoterapia como retrato da personalidade humana. A voz é o principal canal de comunicação do indivíduo com o mundo a seu redor. "É a expressão máxima do ser humano", define a cantoterapeuta Mechthild Vargas, conhecida apenas por Meca Vargas, também seguidora da Escola do desvendar da voz.
"Imagine alguém sem voz, alguém que não pode se expressar por meio das palavras", diz ela. "A voz é a expressão da individualidade". Com a voz e expressão corporal comunica-se por inteiro: expressa-se tristeza, alegria, preocupação, medo, ansiedade, raiva e muitas outras emoções e sentimentos pertencentes à natureza humana. Tanto que é comum pessoas ficarem temporariamente afônicas quando abaladas por um grande trauma.
*Cante e Encante*
A corrente terapêutica adotada por Adelina e Meca consiste em manifestar a voz, que segundo elas, todos têm, mas pode estar bloqueada por medos, preconceitos e outros problemas de origem física ou emocional. Para isso, os terapeutas adotam exercícios específicos, utilizando-se do som das vogais, das consoantes e da música. "A voz é um fenômeno arquétipo," afirma Adelina, usando um termo da psicologia que, com outras palavras, que dizer que a voz é uma espécie de patrimônio da humanidade, um dom que cada um traz consigo.
Portanto, se você acredita que cantar e encantar platéias é um privilégio de músicos consagrados, reveja seu conceito. Para os adeptos da Escola do desvendar da voz, quem se intitula desafinado demonstra que mantém a voz aprisionada por uma corrente de força. É só libertá-la, permitir que ela desabroche e venha à tona. "É como se a voz estivesse encoberta por um véu e quando você a acorda, ela começa a se desenvolver de dentro para fora", explica Meca. Ou seja, o terapeuta, em vez de se preocupar com as causas externas da suposta falta de voz, procura descobrir primeiro as causas internas do problema. "É um trabalho holístico, baseado em várias técnicas", continua Meca.
*Escute Sua Voz Interior*
A primeira tarefa para despertar a voz é aperfeiçoar a audição interior. É ouvir-se com atenção, sem preconceito e egoísmo. "Escutar a voz que está em seu íntimo, por trás da voz que você normalmente escuta", explica Adelina. Mas para ouvir a própria voz você primeiro precisa predispor-se a cantar. Pode cantar em casa, acompanhando o CD de seu intérprete preferido, em corais - de igrejas, empresas, associações de classe, universidades - em karaokês, festas de aniversário e shows. A idéia é cantar sempre que você tiver oportunidade, mas sem forçar a garganta e sem gritar. Aos poucos, irá soltando sua voz até que ela encontre o próprio ritmo e renasça vigorosa.
Os benefícios para quem empreender essa viagem de autodescoberta prometem ser gratificantes. Começam pelo prazer de entoar a canção preferida para a pessoa amada, para si mesmo e para outras platéias. O canto, observa Meca, ajuda o praticante a combater o estresse, o isolamento social e a soltar-se para expressar-se melhor em público. "É uma das grandes fontes para se trabalhar o lado humano, psíquico e espiritual do indivíduo", diz.
*Descubra Novas Emoções*
A professora de música Sonia Joppert, da Oficina de Música que leva seu nome, no Rio de Janeiro, afirma que por meio do canto, faz-se contato com emoções que não podem ser percebidas de maneira racional. Com mais de 15 anos de experiência na área, ela assegura que além da melhoria da voz – cantada e falada - o canto desinibe, aumenta a auto-estima e autoconfiança, elimina antigos bloqueios e leva o praticante a novas descobertas sobre suas potencialidades.
O objetivo da cantoterapia, observa Sonia, é preparar o indivíduo para viver melhor. Ela explica que incluem-se nesse objetivo conhecer melhor as próprias emoções, adquirir confiança e segurança para cantar em público, acabar com a idéia de que não é capaz. "E com isso, cantar muito melhor", diz. Para a professora, o aluno que canta com confiança, carisma e ousadia, acaba por levar essas emoções para a vida pessoal e profissional. Ela lembra que qualquer atividade que proporcione prazer libera a endorfina (substância química responsável pela sensação do bem-estar). "O aumento da endorfina na corrente sangüínea previne doenças como o estresse e melhora a qualidade de vida", frisa.
Sonia acrescenta ainda que dedicar-se a uma atividade lúdica como o canto faz que o praticante descubra um mundo mais tranqüilo, com menos competição. Sem deixar, porém, de explorar o próprio potencial. Seus alunos são submetidos a dinâmicas e treinamentos práticos, cujo objetivo é capacitá-los para atuar em público com desenvoltura. Ela relata que são exercícios com graus de dificuldade gradativos, que respeitam as limitações de cada um, mas preparam o aluno para se expor cada vez mais.
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