segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

GEOGRAFIA



Tabelas e cartas de marear


Um dos mais importantes instrumentos para realizar com êxito as grandes travessias 
eram as tabelas. Cada uma delas resolvia um problema específico, como calcular 
as latitudes no hemisfério Sul, empregando como referência o Cruzeiro do Sul; calcular 
as distâncias percorridas quando se navega com vento contrário; adequar os cálculos 
de  posição do Sol às várias estações do ano; ou medir longitudes a partir das 
diferenças de medida da bússola. Com todas essas tabelas e instrumentos, 
os portugueses conseguiam marcar a posição do navio a cada momento num 
mapa, chamado "carta de marear". Contornando costas desconhecidas, faziam 
seu desenho no mapa. Na volta, o material novo era trabalhado pelos cartógrafos, 
que produziam outra carta mais precisa para a viagem seguinte. Além do mapa, 
o comandante recebia também um regimento, onde vinham escritos os segredos 
conhecidos de  rotas de navegação da região para onde ia – e na volta fazia 
um relatório onde acrescentava tudo o que descobrira.  Assim, num trabalho de 
equipe, Portugal acumulou, pela primeira vez no mundo, os conhecimentos para 
cruzar mares nunca antes navegados por europeus.

O primeiro mapa do Brasil

O governo português sempre teve muito cuidado em esconder   as informações sobre suas descobertas marítimas. A arte de navegar em alto mar era a tecnologia mais avançada do tempo, e os portugueses os mais avançados nela. Por isso, todas as informações colhidas nas viagens de exploração das novas terras eram motivo de cobiça para as outras potências européias. Além de marinheiros, a Lisboa do século XV era povoada por espiões de toda espécie, ansiosos para desvendar o que o governo procurava esconder. Como parte dessa política de sigilo, Portugal destruía sistematicamente documentos que poderiam cair em mãos inimigas. Assim, só uma pequena parte dos relatórios de seus navegantes sobreviveu, muitas vezes na forma de cartas de marear. Entre eles, por exemplo, não sobreviveu o de Pedro Álvares Cabral sobre sua viagem ao Brasil e Índia. O trabalho dos espiões acabou sendo revelador de que, na época em que o Brasil foi descoberto, o governo português sabia muito mais sobre as novas terras do que deixava transparecer. O mapa do Brasil mais antigo que se conhece é o chamado "mapa de Cantino". Foi encomendado por Alberto Cantino, espião a serviço do duque de Ferrara, e realizado no final de 1501 por algum cartógrafo português que conhecia as descobertas e amava receber presentes. Até aquele momento, o único português de Portugal a voltar de uma viagem "oficial" ao Brasil era Cabral, que esteve apenas em Porto Seguro, na Bahia. No entanto, o mapa mostra o desenho do litoral brasileiro desde a foz do Amazonas até Cabo Frio, o que indica com certeza que outros viajantes já haviam explorado as novas terras.


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