sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

FELIZ 2011!!!

















segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

FAC FITO VESTIBULARES

VESTIBULAR DE MÚSICA FAC-FITO AGENDADO




Se possível, gostaria de pedir sua contribuição para divulgar nosso vestibular de música da FAC-FITO.
Temos Bacharelado em Música (Canto/ Instrumento) e Licenciatura em Educação Musical.

Neide Esperidião
Coordenadora dos Cursos de Música da FACFITO e do CMVL
neide.esperidiao@fito.edu.br
11 3652 3019 -  11 8254 2056


ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA O VESTIBULAR DE MÚSICA DA FAC-FITO AGENDADO 2011.

É SÓ TELEFONAR: 3652 3043 / 3018 / 3019

Música e Linguagem





A Musicoterapia e Suas Aplicações

Toda pessoa tem um ritmo interior, uma identidade sonora que a diferencia das outras. Identificá-lo e equilibrá-lo são procedimentos da musicoterapia, sendo uma alternativa no trabalho com crianças com deficiência mental.
Conta a história que dois mil anos antes de Cristo, quando o imperador da China queria saber como andavam as coisas em suas províncias, ele convocavam os músicos de cada uma delas para tocar para ele. E, de acordo com a música que vinha embalando seu povo, o imperador sabia se elas estavam indo bem ou mal. Em tempos de Internet, quando esse recurso não se faz mais necessário, paralelamente aos avanços tecnológicos, cresce a aceitação de terapias alternativas, que valorizam o lado emocional do indivíduo.
A musicoterapia, considerada uma ciência paramédica que estuda a relação do homem com o som/música, é uma delas. 'A influência fisiológica e psicológica do som no cérebro traz inúmeros benefícios à pessoa', afirma Maristela Pires da Cruz Smith, Ex-Presidente da Apemesp (Associação dos Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de São Paulo).
Musicoterapeuta, educadora artística com habilitação em música e mestre em Psicologia Social, Maristela afirma que a música por si só é terapêutica.Segundo ela, o benefício mais comum e mais facilmente percebido é a sensação de relaxamento, de bem-estar. 'Todas as pessoas têm uma identidade sonora, um ritmo pulsando em seu interior, conseqüência dos inúmeros sons recebidos por nós.
A musicoterapia, através da pesquisa sobre a vida e o ambiente ao qual está inserido o paciente, busca identificar e equilibrar seu ritmo interno, para possibilitar uma melhora', explica. 'Um bom exemplo é o que ocorre com crianças hiperativas, em geral com um ritmo interno bastante acelerado. Primeiramente, elas são tratadas com músicas em seu próprio ritmo,para depois, lentamente, ir buscando equilibrar esse som', explica Maristela. 'Assim como em qualquer outro método terapêutico, não há prazo determinado para o tratamento, que vai depender da resposta do paciente', ressalta.
Gama de aplicações - Entre as inúmeras aplicações da musicoterapia,destaca-se o trabalho com pacientes portadores de deficiências físicas, como paralisia e distrofia muscular progressiva. As deficiências sensoriais (visual e auditiva) e as síndromes genéticas (Down, Turner e Rett) também contam com essa opção como tratamento complementar. Distúrbios neurológicos (lesões cerebrais, dislexias, disfonias, entre outros) e doenças mentais, como esquizofrenia, autismo infantil, depressões e distúrbio obsessivo compulsivo também podem se beneficiar com essa terapêutica. 'A musicoterapia pode ser aplicada desde a vida intra-uterina, pois pesquisas provaram que o feto reage ao som e, por ser estimulado desde cedo, nasce com maior capacidade de desenvolver seu potencial', afirma Maristela.
As principais pesquisas sobre musicoterapia têm sido feitas em países como Estados Unidos, França, Alemanha, Noruega, Inglaterra, Itália e Argentina, onde o uso terapêutico da música é amplamente difundido. No Brasil, nos últimos dois anos, os benefícios dessa terapia têm sido mais amplamente aceitos por fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos. Sua aplicação tem ocorrido principalmente em entidades que trabalham com crianças portadoras de deficiência mental, como a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Barueri. 'Esse trabalho começou a ser realizado por uma de nossas fisioterapeutas com crianças portadoras de deficiência mental,visual e auditiva.
Os resultados foram animadores. Por isso, também vamos passar a utilizar a música em trabalhos com fonoaudiólogos', ressalta Giovanna Aparecida de Carvalho Sales, diretora da entidade. 'A música relaxa e tranqüiliza as crianças.
Vamos usar os recursos da musicoterapia para trabalhar os processos de linguagem. A percepção corporal através da dança também fará parte do processo terapêutico. Com isso, a criança passa a ter contato consigo mesma e com o outro, é uma forma de integrá-la ao meio', acrescenta a fonoaudióloga Adriana F. de Souza Aquino, uma das responsáveis pela elaboração do projeto.
Na educação, a musicoterapia pode auxiliar no desenvolvimento psicopedagógico e em dinâmica de grupo em sala de aula. É o que vem ocorrendo com os alunos da Escola Municipal de Educação Especial de Barueri, voltada para a alfabetização de crianças e adolescentes com deficiência mental leve e moderada.
Desde o início deste ano, a disciplina Educação Musical passou a contar com recursos de musicoterapia. 'Procuro sociabilizar o grupo através da música. A resposta das crianças é uma coisa incrível. Dentro de suas capacidades, elas cantam e dançam', explica Fernanda Rodrigues dos Santos, formada em Educação Artística, com habilitação em música, e pós-graduada em Musicoterapia.
Segundo os especialistas, a musicoterapia já vem se popularizando também como alternativa terapêutica em tratamento de estresse. A psicoterapeuta Adelina Rennó utiliza os recursos da musicoterapia por meio do canto no processo terapêutico de seus clientes. 'Trabalho a voz como expressão da personalidade. É através dela que mostramos quem somos ou, muitas vezes, escondemos quem somos verdadeiramente', afirma. Doutora em psicologia e também com formação musical, Adelina foi buscar especialização para desenvolver o trabalho de cantoterapia na Alemanha. 'Dependendo da indicação, trabalho com uma ou com outra medida terapêutica. Há casos em que utilizo os recursos das duas, já que acredito tratar-se de processos terapêuticos complementares', encerra.
Em busca da cura - Além da utilização da música como processo terapêutico, há correntes de estudiosos no assunto que voltam seus interesses para a ação
curativa de determinado som. No livro O Poder Terapêutico da Música,do norte-americano Randall McClellan, o autor trata os efeitos da música sobre o indivíduo como um todo. Segundo ele, 'toda música pode alterar de algum modo nosso estado de consciência. O que não foi ainda determinado é que tipo de música afeta nossa consciência e de que modo e, particularmente, que tipo de música é mais útil para provocar os estados mais desejáveis para fins de cura'. As indagações de McClellan, doutor em Filosofia em Composições Musicais pela Eastman School of Music e também graduado no Cincinnati College Conservatory of Music, têm sido temas de inúmeras pesquisas realizadas principalmente nos Estados Unidos.
No Brasil, o interesse pelo assunto não é menor. Segundo levantamento realizado pela Apemesp ( http://www.apemesp.org ), o país conta com mais de 3000 profissionais com formação em musicoterapia. Mas isso ainda não se traduziu em investimentos e pesquisas sobre o tema.
A falta de dados também incomoda Luiz Roberto Perez, maestro formado pela Escola de Comunicação e Artes da USP (Universidade de São Paulo) e incansável estudioso do tema. 'Os efeitos da música sobre nosso equilíbrio emocional e nossos órgãos são notórios. Além do poder de cura, ela também reforça o organismo a agir contra as doenças. Mas para chegarmos a essas informações teríamos de ter pessoas empenhadas nisso, e infelizmente não temos', ressalta.
À frente do coral que montou no bairro - na Igreja Bom Pastor -, o maestro não deixa de trabalhar os recursos da musicoterapia com seu grupo. 'Junto do trabalho de voz, aplico alguns dos recursos da musicoterapia, voltados para o relaxamento e a auto-estima. A boa música terá sempre um cunho benéfico', diz Luiz, para quem o maior exemplo disso é o canto gregoriano. 'Esta música nos transporta para uma outra dimensão, quando ficamos próximos de uma entidade superior. E isto sempre fazenorme bem', encerra.
Fonte: Originalmente, este artigo estava publicado em
porém infelizmente, este endereço não é mais válido.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Crocs moda perigosa!



O jornal Folha de São Paulo, de 19/10/2009,  publicou uma reportagem sobre o veto de escolas particulares ao uso das Crocs.
O veto se deve ao grande número de acidentes com crianças e adolescentes que utilizam a sandália.
Por ter um solado de resina de alta aderência, ela segura o pé da criança no chão,quando corre. Outro risco oferecido é que, por ser folgado, pode causar desequilíbrio.
Segundo a reportagem,  muitos  pais  passaram a observar  mais  atentamente e concordam com as pesquisas, quanto ao uso da sandália.
Portanto, aconselhamos que o uso de tais sandálias seja evitado.  

sábado, 4 de dezembro de 2010

Ele é um em casa e outro na escola

Oscilações de comportamento dentro e fora do ambiente familiar indicam que seu filho quer atenção. Mas por quê?


Na escola, a pequena Giovanna, de 1 ano e 5 meses, é uma criança doce. Passou pelo processo de adaptação inicial como todos os coleguinhas e nunca trouxe pra casa nenhum tipo de reclamação. É um bebê exemplar, faz todas as atividades previstas na hora certa, sem nenhum tipo de contestação. Mas em casa, se perder o pai ou a mãe de vista, ela chora, grita e faz a maior bagunça. “A única coisa que a deixa calma é quando eu e meu marido estamos por perto. Diante disso, temos um sério problema: não podemos ir sequer até a esquina”, conta a administradora de empresas Daniela Pavan D’Amico. Giovanna está longe de ser a única criança com comportamentos completamente distintos em casa e fora dela. Mas o que a faz se comportar de forma tão diferente?

Foto: Guilherme Lara Campos / Fotoarena
Daniela prepara a mochila de Giovanna: exemplar na escola, em casa ela é totalmente diferente e chora ao menor sinal de afastamento dos pais
Crianças são os seres vivos mais imprevisíveis que existem, principalmente quando falamos de um período da vida marcado pela formação da personalidade e do comportamento, processo intrinsecamente relacionado à maneira que a família se relaciona entre si e com o mundo. Todo comportamento desenvolvido pela criança neste período é fruto do que ela aprende em casa, no dia-a-dia com a família. Ou do que ela vivencia em seu primeiro círculo social, a escola.
Quando os padrões de comportamento de uma criança começam a oscilar dentro destas duas esferas, é sinal de que alguma lacuna não foi preenchida, e aí podem começar a surgir problemas. Maus comportamentos como birra, muito choro, questionamento excessivo com o intuito de enfrentamento e agressão, seja em casa ou na escola, são sinais claros de que seu filho quer chamar sua atenção. Só resta saber o porquê. “Querer chamar atenção não é a causa de algum problema, mas o sintoma de algo que a criança está sentindo e que ela não sabe ou consegue explicar”, afirma Denise Santolere Franque, psicopedagoga mestre em criatividade e desenvolvimento escolar.
Seja por comportar-se agressivamente em casa, seja pela falta de disciplina na escola, que gênero de problema esses sintomas indicam? A resposta pode estar mais perto do que você imagina.

Inimigo familiar
De acordo com Mariana Tichauer, psicóloga do grupo Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico (EDAC), “quando uma criança é pequena, ela não está adaptada à dinâmica familiar. É preciso ver como esse ambiente receberá esta criança, porque dali pra frente ela vai responder da maneira que o ambiente ensiná-la a responder”. As palavras-chave para o sucesso da relação são segurança e proximidade. Esses dois reforços são tudo o que as crianças precisam.
Se a dinâmica familiar é prejudicada pela ausência dos pais e, consequentemente, pela ausência de autoridade, a criança acaba criando seus próprios parâmetros – além de força para contestar as regras da família, traduzida em manha e berreiros. “Pais ausentes, que dão tudo o que o filho quer e não colocam limites na educação, acabam gerando crianças mais agressivas, já que nunca ouvir ‘não’ aumenta a incapacidade da criança de lidar com as frustrações. Com isso, sempre que a criança ouve um ‘não’ e se frustra, ela se torna ainda mais agressiva dentro da dinâmica familiar”, diz Denise.

Na casa onde vive a contadora Cláudia Azevedo Soares e sua filha Clara, de 3 anos, a dinâmica familiar é natural e tranquila: ainda que seja uma criança questionadora, Clara aprendeu a respeitar os limites impostos pela mãe. Na escola ela é ainda mais exemplar e recebe sempre muitos elogios. No entanto, nos finais de semana na casa do pai e da avó paterna, onde Clara tem tudo o que quer, ela pinta e borda sob os olhos dos mais velhos. “Em casa, ela sempre pergunta o porquê de ter que fazer determinada coisa, mas respeita e acaba fazendo. Já na casa do pai, ela não tem muita noção de regras. E, com isso, ela sente liberdade para fazer cenas de birra e de agredir a avó, até conseguir aquilo que quer”, conta Cláudia.Junte a ausência dos pais à agenda lotada de atividades da criança, todas longe da família, e você terá um cenário em que ela se sente criadora de suas próprias regras, o que reforça a convicção de que ela tem o direito de agir da maneira que quiser, enfrentando a autoridade dos pais sempre que for preciso.

Dentro do grupo
A criança sem parâmetros de autoridade pode chegar à escola de duas maneiras: ela pode encontrar um professor convicto de sua posição de quem coloca as regras, tornando-se assim um aluno obediente. Ou pode encontrar um professor mais vulnerável à agressividade, cristalizando a figura da criança indisciplinada e arredia. As possibilidades são extremas.
Segundo Denise Santolere, a maioria dos pais resiste em perceber que a falta de disciplina de seu filho na sala de aula é reflexo de um modelo desregrado de interação gerado dentro de sua própria casa, onde a criança age de acordo com suas próprias vontades e sob suas próprias regras, terminando por prejudicar, ao ingressar na escola, não só seu próprio processo de aprendizagem em aula como o de toda a turma.
“Antes, a mãe gerenciava a educação do filho, hoje ela trabalha fora. Por isso ela demora mais para perceber que ele está se comportando de maneira atípica. Como a escola vai lidar com a falta de limites? A professora não está lá para disciplinar a criança, este é um papel da família. A escola só dá o suporte”, afirma.

A regra é clara
A reaproximação entre pais e filhos afastados pelas rotinas diárias é um dos principais fatores na luta pelo restabelecimento da posição de cada integrante da família dentro da dinâmica do lar. É necessário que a criança sinta que está sob a orientação do adulto para que ela baixe a guarda diante dos pais. Isso só acontece quando a criança confia em seus pais, e para confiar, ela precisa passar mais tempo perto deles.
A psicóloga Mariana Tichauer conta que, em casos extremos, a busca por ajuda especializada pode ajudar a reforçar os laços entre os pais e a criança, a fim de que a imagem que ela faz de si mesma como quem dita as regras abra espaço para a posição de autoridade exercida pelos pais. Nestes casos, a terapia com a criança nem sempre é a solução mais indicada: quem deve receber orientações sobre como se comportar diante da família são os próprios pais. “As crianças sentem quando os pais estão inseguros, e tudo o que elas precisam nesta fase da vida é segurança. Por isso, quando os casos são muito graves, é preciso procurar orientação sistemática para promover uma readaptação familiar segura e satisfatória”, revela.
Daniela tenta passar segurança e dar muita atenção para Giovanna, passando o máximo de tempo que pode interagindo com a filha, para que ela não precise chorar por atenção quando a mãe vai daqui até ali. Já Cláudia, para orientar sua filha Clara sobre como se comportar tanto na sua casa como na de seu pai, conversa sempre mostrando como é importante agir com respeito com os mais velhos, e quanto amor isso pode lhe render. Ainda que sejam métodos básicos para o estabelecimento do diálogo entre pais e filhos, as soluções para os problemas de casa estão quase sempre escondidas na relação familiar: basta saber se posicionar.

Você sofre da “Síndrome da Mãe Perfeita”?

Cuidado: a ânsia de perfeição pode acabar pondo em risco o desenvolvimento dos seus filhos e o seu próprio equilíbrio

Que os filhos devem ser prioridade na vida de uma mãe, disso não há dúvidas. Mas quando a vontade de sair para fazer as unhas se torna quase impossível de ser atendida – por razões que vão desde falta de tempo ao sentimento de culpa por deixar o filho em casa –, pode ser que a tal prioridade esteja mais para exclusividade, e que a “Síndrome da Mãe Perfeita” já tenha invadido a rotina materna. Prioridade e exclusividade são bem diferentes. E, de acordo com a psicoterapeuta Denise Pará Diniz, Coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp, dedicar-se por tempo integral aos pequenos não é necessário – nem indicado.
“É preciso tratá-los com prioridade, principalmente nos primeiros anos, mas não se pode esquecer que os filhos também precisam conhecer a mãe como uma pessoa real, que possui qualidades, desejos e necessidades pessoais”, diz Denise. No entanto, por nem sempre ser fácil manter esse equilíbrio, é comum encontrar mães que organizam o dia a dia sempre em razão das atividades dos filhos e, entre elas, há até mesmo as que se esquecem ou acabam deixando de lado os papéis anteriormente desempenhados, como o de esposa e de profissional, por exemplo.

Há aquelas que procuram controlar todas as variáveis da vida para que o filho tenha tudo em mãos e não sinta falta de nada, mesmo quando a criança já está mais velha, e aquelas que, mesmo com os filhos mais crescidinhos, acabam deixando muitas outras atividades de lado por preocupação e sentimento de culpa. Estas atitudes, se não forem policiadas, podem gerar diferentes complicações na vida do filho. E também na vida da mãe.

Foto: Fabio Guinalz/AgNews
Heliana brinca com Brunna e Lívia: "não deixava a babá fazer nada"
Dedicação em xeque

De acordo com a antropóloga Gilda de Castro Rodrigues, autora do livro “O Dilema da Maternidade” (Editora Annablume), há muitos aspectos positivos trazidos pela maternidade. Mas um negativo pode ser crucial: a patrulha social. “A sociedade fica vigilante para qualificar as mães como boas ou ruins, e isso causa uma enorme angústia”, explica. Além disso, na maioria das vezes, o vínculo entre mãe e filho é muito forte e incondicional, e por serem elas as principais responsáveis pelo processo de socialização da criança, já é possível imaginar o quanto algumas acabam exigindo de si mesmas. No caso de Heliana Gabriel da Cunha, 41 anos, não há arrependimento na dedicação.

Mãe de Brunna e Lívia, de 10 e três anos, respectivamente, Heliana deixou de trabalhar quando recebeu o pedido da mais velha para que ficassem mais tempo juntas. “Ela ficava com a avó e eu a buscava depois do trabalho, então acabava participando pouco da vida dela”, conta Heliana. Atualmente, já não é o que acontece: “Eu praticamente vivo em função delas. Até arrumei uma babá quando a mais nova completou nove meses, mas sou eu que tenho que dar banho, dar comida, não saio de perto nenhum minuto. A babá acaba servindo para alguma possível emergência. Não as deixo sozinhas nunca, só quando elas vão para a escola”.

Embora faça tudo isso com satisfação, Heliana confessa que passou os últimos três anos sem dormir uma noite inteira. Sua filha mais nova sempre teve o sono muito inquieto e, se ela chora, a mãe precisa estar por perto. “Eu durmo com a babá eletrônica ao lado e qualquer barulhinho que ouço vou correndo até ela, com medo de que esteja vomitando”, explica. E ela nem é a primeira filha: “Dizem que segundo filho é mais fácil, mas para mim as duas estão sendo da mesma forma. Sou um pouco neurótica, mesmo”, admite.

Fantasia e exagero

Mas, para a psicoterapeuta Denise Pará Diniz, é realmente no início da criação do primeiro filho que mora o maior perigo. “É quando você começa a aprender a ser mãe, então a mulher pode ficar excessivamente preocupada”. Segundo Heloísa Schauff, psicóloga clínica especialista em Terapia de Casal e Família, é comum que as mães de primeira viagem fantasiem que tudo seja perfeito e acabem não conseguindo distribuir o tempo e atenção entre outras funções, além das que exigem os filhos. “Não é exatamente o desejo de ser perfeita, é um sentimento de não se achar boa o suficiente, de não estar fazendo o melhor que pode”, explica. E isso pode acontecer tanto para a mãe que não trabalha fora de casa quanto para a que trabalha.


Foto: Fabio Guinalz/AgNews
Alice e a mãe, Paula, assistem TV: "quero que ela cresça e seja feliz, mas ao mesmo tempo tenho vontade de não soltá-la mais"
“Para quem vive em cidade grande, por exemplo, sempre haverá a sensação de pouco tempo com a criança pela correria do dia a dia, mas é preciso lembrar-se dos limites que a mãe precisa ter”, recomenda a especialista. O conselho também é válido para as mães que estão sempre à disposição dos filhos – e acabam passando da conta. De acordo com Schauff, conforme a criança vai crescendo e adquirindo maior autonomia, algumas utilidades que a mãe possuía antes vão ficando para trás. “Apesar de sermos mães a vida inteira, independentemente dos outros papéis que estejam sendo desempenhados, é preciso permitir que a criança também experimente e amadureça”, explica.

É o que procura alcançar a professora Paula Belmino, de 35 anos. Há quatro anos cumprindo o papel de mãe de Alice com esmero, Paula conta que até hoje ainda fica ao lado da filha até que ela adormeça e, quando a deixa na escola, sofre até de taquicardia por medo do que pode acontecer enquanto estão separadas. “Ao mesmo tempo em que quero que ela cresça e seja feliz, também tenho vontade de querer grudar e não deixar mais crescer”, confessa. A filha se faz presente até nos momentos que ela tem para si só: “Eu me martirizo por sair sem ela. Quando vou ao shopping, por exemplo, ao invés de comprar coisas de que preciso, compro tudo para ela. Acho que toda mãe é um pouco louca”, observa.

Limite para o filho, limite para a mãe

E as crianças, o que ganham com a “Síndrome da Mãe Perfeita”? Nada de muito bom. “Se a mãe é muito permissiva e mima demais os filhos, eles crescem sem saber lidar com frustrações e têm dificuldades maiores que as outras crianças para lidar com as regras fora de casa”, diz Schauff. Se a criança não enfrenta estes desafios ainda dentro de casa, pode se acostumar a obter tudo como quer – e não é bem isso que acontece fora de casa. Na escola, por exemplo, ela tem que aprender a esperar sua vez e a dividir a atenção da professora com os colegas. O mesmo efeito de despreparo infantil pode acontecer se a mãe nunca sair de perto: “A criança vai precisando de outras relações e outras vivências em que sinta que faz as coisas por si só e se supera por si só”, completa Denise.

O mesmo problema pode acontecer com as mães. A mulher que fica cada vez mais em casa com os filhos – ao invés de assumir outras atividades à medida que eles vão crescendo – também pode estar com dificuldades para ter outras vivências, como voltar ao trabalho, e se adaptar a elas. Mas é preciso prestar atenção para certificar-se de que ser mãe em período integral é um plano pessoal, não apenas um esforço para seguir um valor cultural. “Se ela se organizou e quer viver aquilo, não faz mal. O que faz mal é passar dos limites e ter somente isso de dedicação exclusiva”, explica a psicoterapeuta.

Há também o caso de mães que, por terem questões mal-resolvidas com o trabalho ou com o marido, por exemplo, acabam focando somente na maternidade e tornam os pequenos o único mundo a ser vivido – um grande peso e até uma injustiça com a criança. “Por essas e outras que o comportamento de mãe e filho deve ser observado: se a mãe está mais depressiva e cansada e se o filho anda muito egocêntrico, birrento e sem amigos”, explica a psicoterapeuta.


A principal questão a ser esclarecida, porém, é de que a perfeição não existe. Segundo Schauff, o que mais importa é a qualidade do tempo passado com o filho, e não necessariamente a quantidade. “Existe o melhor que a gente pode dar e a necessidade do olhar com parcimônia: é importante ter o tempo para si mesmo, para a relação conjugal, e transitar com saúde e qualidade em todas as esferas. Só assim a criança verá a mãe feliz e satisfeita, o que é muito importante de ser notado”, explica a psicóloga. A partir da percepção de que não há exatamente uma medida ideal, é possível libertar-se das próprias expectativas exageradas e fazer o que é possível pelos filhos, acompanhando-os sempre com carinho e afeto, ultrapassando as fantasias para se tornar uma boa mãe de fato.
Renata Losso, especial para o iG São Paulo | 03/12/2010 16:24