Tabelas e cartas de marear
Um
dos mais importantes instrumentos para realizar com êxito as grandes travessias
eram as tabelas. Cada uma delas resolvia um problema específico, como calcular
as latitudes no hemisfério Sul, empregando como referência o Cruzeiro do Sul; calcular
as distâncias percorridas quando se navega com vento contrário; adequar os cálculos
de posição do Sol às várias estações do ano; ou medir longitudes a partir das
diferenças de medida da bússola. Com todas essas tabelas e instrumentos,
os portugueses conseguiam marcar a posição do navio a cada momento num
mapa, chamado "carta de marear". Contornando costas desconhecidas, faziam
seu desenho no mapa. Na volta, o material novo era trabalhado pelos cartógrafos,
que produziam outra carta mais precisa para a viagem seguinte. Além do mapa,
o comandante recebia também um regimento, onde vinham escritos os segredos
conhecidos de rotas de navegação da região para onde ia – e na volta fazia
um relatório onde acrescentava tudo o que descobrira. Assim, num trabalho de
equipe, Portugal acumulou, pela primeira vez no mundo, os conhecimentos para
cruzar mares nunca antes navegados por europeus.
eram as tabelas. Cada uma delas resolvia um problema específico, como calcular
as latitudes no hemisfério Sul, empregando como referência o Cruzeiro do Sul; calcular
as distâncias percorridas quando se navega com vento contrário; adequar os cálculos
de posição do Sol às várias estações do ano; ou medir longitudes a partir das
diferenças de medida da bússola. Com todas essas tabelas e instrumentos,
os portugueses conseguiam marcar a posição do navio a cada momento num
mapa, chamado "carta de marear". Contornando costas desconhecidas, faziam
seu desenho no mapa. Na volta, o material novo era trabalhado pelos cartógrafos,
que produziam outra carta mais precisa para a viagem seguinte. Além do mapa,
o comandante recebia também um regimento, onde vinham escritos os segredos
conhecidos de rotas de navegação da região para onde ia – e na volta fazia
um relatório onde acrescentava tudo o que descobrira. Assim, num trabalho de
equipe, Portugal acumulou, pela primeira vez no mundo, os conhecimentos para
cruzar mares nunca antes navegados por europeus.
O primeiro mapa do Brasil
O governo português sempre teve muito cuidado em
esconder as informações sobre suas
descobertas marítimas. A arte de navegar em alto mar era a tecnologia mais
avançada do tempo, e os portugueses os mais avançados nela. Por isso, todas
as informações colhidas nas viagens de exploração das novas terras eram
motivo de cobiça para as outras potências européias. Além de marinheiros, a
Lisboa do século XV era povoada por espiões de toda espécie, ansiosos para
desvendar o que o governo procurava esconder. Como parte dessa política de
sigilo, Portugal destruía sistematicamente documentos que poderiam cair em
mãos inimigas. Assim, só uma pequena parte dos relatórios de seus navegantes
sobreviveu, muitas vezes na forma de cartas de marear. Entre eles, por
exemplo, não sobreviveu o de Pedro Álvares Cabral sobre sua viagem ao Brasil
e Índia. O trabalho dos espiões acabou sendo revelador de que, na época em
que o Brasil foi descoberto, o governo português sabia muito mais sobre as
novas terras do que deixava transparecer. O mapa do Brasil mais antigo que se
conhece é o chamado "mapa de Cantino". Foi encomendado por Alberto
Cantino, espião a serviço do duque de Ferrara, e realizado no final de 1501
por algum cartógrafo português que conhecia as descobertas e amava receber
presentes. Até aquele momento, o único português de Portugal a voltar de uma viagem
"oficial" ao Brasil era Cabral, que esteve apenas em Porto Seguro,
na Bahia. No entanto, o mapa mostra o desenho do litoral brasileiro desde a
foz do Amazonas até Cabo Frio, o que indica com certeza que outros viajantes
já haviam explorado as novas terras.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário