sábado, 12 de fevereiro de 2011

Plano de Aula - desenho

É grafite ou não é?

Objetivo
Discutir as relações entre a arte e o lugar em que é exposta e fazer com que os alunos experimentem ações como espectadores de arte.
Conteúdos Arte contemporânea, grafite

Anos 8º. e 9º. ano

Tempo estimado
Três aulas

Materiais necessários Cópia dos textos "Grafite e Cia." e "Cidade Muda”; folha de monobloco e caneta ou lápis preto; para o varal ou mural – barbante e pregador ou papel colorido para o fundo e fita crepe; acesso à rede no laboratório de informática da escola ou cópia da entrevista dos grafiteiros gêmeos transcrita.
Desenvolvimento

Aula 1  Para iniciar as atividades, monte um mural ou varal com imagens de grafite – retiradas de revistas, jornais ou da internet - e peça que os alunos observem os materiais. Peça que pesquisem em casa outras referências e tragam na aula seguinte.


O grafite de Titi Freak, trabalhado em painel para a mostra De Dentro para Fora / De Fora para Dentro no Masp (Museu de Arte de São Paulo).


Em seguida, explique à moçada o objetivo da sequência didática: aprofundar o conhecimento da turma sobre o grafite e discutir as opiniões de cada um em relação ao tema. Diga a eles que, para isto, durante as próximas aulas vão ler textos, ouvir depoimentos e escrever pequenos textos para poder debater o assunto.

Organize a turma em grupos de quatro alunos e solicite que leiam o texto abaixo, que divulga uma exposição de grafite no MASP- Museu de Arte de São Paulo. Proponha que a primeira leitura seja silenciosa e realizada individualmente. Em seguida, peça que façam uma leitura em grupo, procurando um fragmento no texto – pode ser frase – que considerem a mais importante para compreensão do que é o grafite. Peça que sublinhem o fragmento selecionado. Como o texto é muito curto, cada grupo pode escolher apenas um fragmento.

Os grupos devem eleger um escriba – que irá registrar todos os argumentos levantados ao longo da aula – e um relator – responsável por apresentar o ponto de vista do grupo à classe.
Grafite e Cia.
Masp se rende à arte urbana
Fernando Masini
O MASP abriu suas portas à arte que ocupa ruas, vielas e viadutos. A exposição “De dentro para fora/ De fora para dentro” promove um grupo de artistas acostumado a viver e a trabalhar a margem do mecenato.

Carlos Dias, Daniel Melim, Ramon Martins, Stephan Doitschinoff, Titi Freak formam o time comandado por Baixo Ribeiro, um dos curadores da mostra. O destaque são os seis murais inéditos que serão apagados no final da exposição.

Zezão transporta elementos de uma favela e leva seus traços azuis das galerias fluviais. Outras cem obras- entre telas, fotos e vídeos – compõem a coletiva.

Masp - hall cívico e mezanino – Av. Paulista, 1578, Bela Vista
Tel: 011-32515644. terça, quarta e sexta a domingo, das 11h às 18h e quinta até as 19h. Até 5/2/2009.

texto retirado do Guia da Folha, 20/11/2009
Para socializar as opiniões da turma, solicite que um aluno inicie a leitura do texto em voz alta e que cada grupo sinalize o trecho que acredita ser o mais importante.

Conforme os fragmentos forem localizados, a leitura deve ser interrompida para que o relator de cada grupo comente o trecho, tomando como base a discussão anterior. Se mais de um grupo selecionar o mesmo fragmento, peça que ambos apresentem suas justificativas e procure relacioná-las. Todos podem fazer comentários durante a leitura, de modo organizado, levantando a mão para pedir a voz. Os fragmentos e registros das discussões podem ser colocados no varal ou mural para socialização.

Aula 2  O objetivo da segunda aula é discutir as características do grafite dentro de museus e galerias e nas ruas, fora deles. Para isso, será utilizado o depoimento da dupla de grafiteiros paulistas “Osgemeos”, disponível na internet. Se a escola tiver laboratório de informática, leve os alunos até lá e apresente o vídeo a eles. Caso não seja possível, transcreva a entrevista e entregue uma cópia do texto à classe.

Apresente o depoimento à turma – via internet ou por escrito. Em seguida, peça que discutam a declaração abaixo, feita por Gustavo Pandolfo, um dos gêmeos, em entrevista à revista Carta Capital: “A partir do momento em que tiramos nosso trabalho das ruas e o levamos ao museu, já não é grafite. É arte contemporânea, tridimensional”.

Proponha que a turma reflita sobre o local de realização e exposição do grafite, e elaborem um texto em casa, apontando pelo menos três diferenças entre expor fora ou dentro de uma instituição cultural.

Aula 3  No início da aula, peça que os alunos leiam os textos produzidos em casa e os exponham no varal, ou mural. Em seguida, entregue a eles um texto mais longo, de Marcelo Dantas, que faz referencia à Lei Cidade Limpa – em vigor desde o 1º de janeiro de 2007.
Cidade Muda
por Marcello Dantas

Depois de mais dois anos em vigor, os paulistanos começam a ver os benefícios da Lei Cidade Limpa. Mas algo além de publicidade sumiu das ruas. A cidade parece muda. Tenho uma filha de sete anos, em fase de alfabetização. Comecei a me lembrar do quão importante foi para a minha fixação do alfabeto e o conhecimento de novas palavras a leitura contextualizada da publicidade urbana.
Eu via imagens e as relacionava com as letras. Da mesma forma, as placas dos carros foram fundamentais no meu exercício infantil de aprendizado da matemática. Hoje, fico vendo minha filha procurar algo para exercitar seu aprendizado, e a única coisa que consegue achar é uma placa de "PARE".
Entendo que São Paulo havia se tornado uma cidade sem lei nesse aspecto. Admiro muito a coragem da prefeitura de enfrentar o enorme lobby por trás da publicidade na maior metrópole do país. E, sim, é verdade que em quase toda cidade que se preza no mundo existem regras rígidas da ocupação do espaço de poluição visual. Assim deve ser. Mas nem só de limpeza vive uma cidade.
Não se pode dizer que Nova York, Paris e Londres sejam cidades descontroladamente poluídas visualmente. Sabe-se bem do poder icônico de esquinas como Times Square, Champs-Elysées e Picadilly Circus. São Paulo, uma metrópole sem grandes marcos geográficos, como o Rio, por exemplo, pode se dar ao luxo de ser uma cidade sem imagem? Sem marcos?
E a opinião pública? Eu me recordo ainda de quando, ainda bem jovem, como ativista político em Belo Horizonte, eu saía com os amigos para pichar as propagandas políticas dos candidatos a deputado da ditadura militar. Era uma arena justa: eles ocupavam o espaço público, e a gente expressava nossa voz sobre o abuso. Assim como se sabe da importância da mídia exterior de gerar o espírito de uma causa, de mexer com a percepção coletiva de forma diagonal: atingindo do mendigo ao executivo. É ainda um espaço de consciência de coletividade, que gera a sensação de que algo está acontecendo na cidade.
Como levantaremos causas comuns daqui para frente? Um desafio que talvez valesse a pena seria liberar uma esquina de São Paulo para a publicidade desenfreada. E exigir que áreas -hoje entristecidas com suas placas cegas, surdas e mudas- sejam usadas de forma criativa: para ajudar a alfabetizar, a refletir sobre o próprio espaço público ou para pensar em campanhas de mobilização da sociedade para causas relevantes.
Existe um impacto subliminar da cidade sem palavras. A verdadeira poluição visual não ocorre na paisagem exterior, mas, sim, na paisagem interior, no nosso espaço mental. Sinto, hoje, uma maior linearidade de pensamento ao transitar por São Paulo, uma concentração maior e menos dispersão causada pela publicidade. Um saldo positivo que não parecia óbvio no primeiro momento da lei.
No entanto, deve haver um ponto de equilíbrio entre a identidade, a criatividade e a limpeza visual de uma cidade muda. Talvez uma linguagem de sinais.
Marcello Dantas, 41, cria museus e exposições, entre eles o Museu da Língua Portuguesa e a mostra "Bossa na Oca", e é o colunista convidado desta semana.
Revista da folha- edição 03/05/2009 – SP em cena
Após a leitura do texto, abra um debate para que a turma se posicione em relação à lei e ao impacto dela nas manifestações artísticas de rua, de modo que uns possam ouvir as opiniões e argumentos dos outros.

Para finalizar, proponha que os alunos escrevam uma carta para a seção da revista reservada às opiniões e respostas dos leitores em relação ao artigo, e peça que busquem, nas atividades anteriores, argumentos que justifiquem a possibilidade de manifestação e expressão visual no espaço público.

Finalizado este processo, o material pode ser editado e colocado no varal, ou mural, que será exposto fora da sala de aula para que os outros alunos da escola tenham acesso. Reserve um espaço para que esses novos expectadores também possam deixar suas opiniões.

REVISTA NOVA ESCOLA

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